Descendentes de escravos vão utilizar espaço para produção rural.
Foto: Adriano Vincler |
A euforia é resultado de uma reintegração de posse promovida pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que devolveu aos quilombolas 122 hectares de terra que haviam sido tomados ao longo das últimas quatro décadas pela ação de grileiros.
A grilagem de terras teria tomado dos quilombolas de Salto de Pirapora, ao todo, 218, 4 hectares que estão divididos em quatro glebas. A reintegração desta quinta marca a retomada da primeira dessas áreas. Na gleba estava instalada a Fazenda Eureka, que foi avaliada em R$ 1.248.536,28 e teve a ação ajuizada na 3ª Vara Federal de Sorocaba em 4 de novembro de 2011. Em 15 de dezembro, a Justiça deu ganho de causa ao Incra, que desde 2005 buscava a reintegração.
O superintendente regional do Incra-SP, José Giacomo Bacarin, explica que as terras passam imediatamente ao controle da Associação Remanescente de Quilombo Kimbundu do Cafundó. “Toda questão que envolve terras demora muito para ser resolvida no Brasil, mas neste caso conseguimos um desfecho justo. Essa é, no entanto, apenas uma vitória”, afirma. “Existem 45 comunidades de descendentes de escravos no estado de São Paulo e algumas delas nem sequer têm a titulação de comunidade quilombola ainda. Nessas áreas, os conflitos com os grileiros são constantes”, complementa.
Foto: Adriano Vincler |
Antena, eucalipto e areia gerarão renda
Na área desapropriada está instalada uma antena de telecomunicações, um eucaliptal usado como matéria-prima por uma indústria de papel e uma mineradora que extrai areia. Segundo o superintendente Bacarin, todas poderão continuar funcionando, porém gerarão renda para a comunidade do Cafundó. “No caso da antena eles receberão o valor referente ao aluguel”, explica.
Bacarin diz que na área do eucaliptal a empresa responsável tem até 60 dias para remover a madeira das árvores já cortadas. Os eucaliptos que crescerem de agora em diante já pertencem aos quilombolas, que poderão negociar sua madeira da forma como quiserem, ou mesmo firmar um novo contrato para que a empresa siga explorando a área. Já no caso da exploração de areia, o Incra esclarece que 15% de todo o valor movimentado pela empresa responsável será repassado à Associação Remanescente Quilombo Kimbundu do Cafundó.
Em memória dos ancestrais
Foto: Adriano Vincler |
O luta dos quilombolas pela propriedade vem de 1972, quando a comunidade conseguiu garantir ao menos a área onde estavam instaladas as casas das famílias graças a uma ação de usucapião movida pelo ex-líder Otávio Caetano, que já morreu.
Regina Aparecida relembra que as terras da comunidade quilombola foram sendo perdidas para pessoas que se aproveitavam da simplicidade dos moradores do Cafundó. “Chegavam para nossos bisavôs e pediam que eles plantassem milho, dizendo que depois a safra seria comprada. Quando o milho estava pronto para o corte esses invasores cercavam a área e se apropriavam dela. Foram ações baseadas em documentos que continham apenas as impressões digitais de nosso antepassados que não sabiam ler. Eles cediam suas digitais como sinal de boa fé, como forma de firmar o contrato que, na cabeça deles, lhes renderia algum dinheiro.”
Moradores agora poderão lucrar com as culturas no Cafundó (Foto: Mayco Geretti/G1) |
Mayco Geretti
Do G1 Sorocaba e Jundiaí
http://g1.globo.com/sao-paulo/sorocaba-jundiai/noticia/2012/02/incra-devolve-122-hectares-de-terra-quilombolas-de-salto-de-pirapora-sp.html
Regina Pereira - Uma das lideres da Comunidade Quilombo do Cafundó - Foto: Adriano Vincler |
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http://g1.globo.com/sao-paulo/sorocaba-jundiai/noticia/2012/02/incra-devolve-122-hectares-de-terra-quilombolas-de-salto-de-pirapora-sp.html
José Baccarin - Superintendente do Incra SP - Foto: Adriano Vincler |
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Sempre acreditei na história e na justiça, esse sempre será meu ideal, acreditar que podemos, que seremos, que vencemos e venceremos sempre, o futuro é nosso. Salve o maior Deus, Jesus Cristo seu filho. Parabéns Cafundó, uma luta histórica e sofrida, como é a nossa luta, histórica e sofrida, mas não desistimos nunca.
Por Adriano Vincler de Campos
Parabens Quilombo Cafundó nossa luta apenas está começando...
ResponderExcluirMário Gabriel do Prado, Coordenador Geral da Federação Quilombola de São Paulo!