Quando encontrados, extintores são cobrados entre R$100 e R$170 a unidade - ADIVAL B. PINTO
A obrigatoriedade de uso do extintor ABC será prorrogada por mais 90 dias, segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Com essa mudança, a data será alterada pela terceira vez, passando de 1º de abril para 1º de julho. A resolução 333/2009 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) determina que carros de passeio, utilitários, caminhonetes, caminhões, ônibus, micro-ônibus e triciclos de cabine fechada utilizem o equipamento.
Segundo o Denatran, o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, apresentou o pedido de adiamento do prazo alegando a dificuldade dos motoristas para encontrar o item de segurança. Agora cabe ao Contran publicar uma nova resolução que revogará o último prazo, estabelecido pela resolução nº 516/2015. "Desde dezembro percorro várias lojas de Sorocaba para encontrar esse extintor, mas até agora não achei em nenhum lugar", conta Fernando Rodrigues, 37 anos. Ele lembra que um conhecido ofereceu a ele o produto, porém cobrou R$ 170. "Eu não vou pagar um preço desses sendo que na verdade custa entre R$ 50 e R$ 70".
Outro motorista que teve problemas para se adequar à nova resolução é Rogério Mesquita Filho, 57. Segundo ele, depois de três meses em busca do equipamento, recentemente conseguiu adquirir através de um amigo. "Ele comprou o modelo errado para o carro dele e aí me revendeu, mas no começo de janeiro eu deixei de viajar porque não tinha o extintor certo e aí fiquei com medo de ser multado", relembra.
Prateleiras vazias
A primeira determinação federal foi de que a partir do primeiro dia de 2015 seria obrigatório o uso do equipamento, porém por conta da grande procura por extintores, que acabaram sumindo das prateleiras, o Denatran anunciou no dia 4 de janeiro que adiaria por 90 dias a obrigatoriedade de uso dos extintores de incêndio da marca ABC.
Após o vencimento do prazo, em julho, os condutores que não cumprirem a determinação podem ter de pagar R$ 127,69 de multa e ainda perder cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Carros fabricados a partir de 2005 são produzidos com os novos modelos, que têm validade de cinco anos.
Segundo o Denatran, a vantagem do extintor ABC está na capacidade de conter chamas que iniciam-se em equipamentos elétricos energizados, como bateria, alternador e outros equipamentos da parte elétrica do veículo. O modelo utilizado anteriormente, AB, é capaz de controlar apenas fogo proveniente de materiais sólidos, como plásticos, borrachas, madeiras, tecidos e também de líquidos inflamáveis, como gasolina, óleo, álcool e querosene.
160% mais caro
Além da dificuldade em encontrar o extintor ABC, o produto teve seu valor elevado, em média, 160% e a culpa disso, segundo os comerciantes, é por conta do valor da revenda. A empresa Ideal Extintores, que fornece o item de segurança para vários estabelecimentos de Sorocaba, representa diversas fábricas do setor e informou que o preço médio do produto é de R$ 90. Através de assessoria de imprensa, a Ideal Extintores afirma que o produto já está vindo do fabricante com o preço elevado, o que reflete no valor da revenda. "Os comerciantes estão cobrando entre R$ 110 a R$ 160".
A Extang é uma fabricante de extintores veiculares e fornece para todo o Estado de São Paulo, porém, devido à resolução 333/2009 tem aumentado a produção e mesmo assim está enfrentando dificuldades para suprir as necessidades dos clientes. Na Extang, cada unidade é vendida por R$ 100, entretanto, na revenda há um acréscimo de aproximadamente 40% a 50% do valor direto da fábrica.
José Antônio Delphino é proprietário de uma loja de autopeças no bairro Pinheiros e conta que desde dezembro não tem recebido extintores. "Quando eu consegui contatar meu revendedor ele estava cobrando R$ 130 por unidade e para mim não compensa porque eu teria que vender por um valor muito elevado para o cliente". Delphino conta que optou por deixar de comercializar o item de segurança, mesmo com a grande procura pelo produto.
Ele relembra que no último mês de 2014 ainda tinha várias unidades em seu estabelecimento, mas com a proximidade do vencimento do primeiro prazo, os extintores ABC, comercializados até então por R$ 49,90, se esgotaram rapidamente. "Para mim não vale a pena pagar R$ 130 em uma unidade sendo que meu cliente voltará só daqui cinco anos para comprar um novo extintor".
Em frente ao comércio de Delphino há um posto de combustível que ontem ainda tinha alguns extintores, revendidos a R$ 130. "Não estamos tendo lucro, temos o produto apenas para ajudar o cliente", conta Luciano Salcedo, gerente do local. Ele afirma que a procura é enorme e que o estoque dura, em média, uma semana.
Outra loja especializada, localizada na avenida Américo Figueiredo, não possui extintores desde fevereiro. "Neste momento estamos sem nenhuma unidade na loja, mas quando há é vendido por R$ 140", explica Claudemir Ferreira Filho, gerente do estabelecimento. Segundo ele, a alta dos preços e a instabilidade têm preocupado os comerciantes. "Dá medo de comprar um lote por um preço alto e de repente o valor diminuir e a gente ficar com um estoque inútil", afirma.
Notícia publicada na edição de 10/03/15 do Jornal Cruzeiro do Sul
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