Moradores de bairros próximos e trabalhadores que usam diariamente a rodovia João Leme dos Santos (SP-264), que liga Sorocaba a Salto de Pirapora, com obras de duplicação não concluídas há quase três anos, questionam o desenho de pelo menos dois retornos que, para eles, não atendem às normas de segurança para estradas. O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) nega e afirma que as obras atendem normas técnicas e previstas pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e pelo Contran.
Quem reclama alega que um desses retornos foi feito fora dos padrões adequados para permitir a conversão de veículos leves e pesados com segurança. Além disso, denunciam, não há sinalização adequada, como placas de redução de velocidade, para orientar os usuários da rodovia em relação aos retornos. E em vários trechos não há nem placas de quilometragem.
Na manhã de ontem, Cruzeiro do Sul flagrou a dificuldade que carros e caminhões encontram para fazer o retorno sentido Sorocaba, na altura do condomínio residencial Villa Flora. Um caminhão baú não conseguiu fazer a curva e ficou parado em linha reta, trancando as três faixas da pista sentido Sorocaba. O motorista precisou dar a marcha ré no veículo e em seguida conseguiu concluir a manobra. Um carro que vinha logo atrás, e que também estava fazendo o retorno, foi obrigado a reduzir a velocidade para não colidir com o caminhão. Segundo o DER o retorno em questão não pode ser usado por veículos pesados, sendo permitido o retorno apenas de veículos leves neste ponto. A restrição, entretanto, não está sinalizada para os motoristas e, sobre isso, o DER afirma que "a implantação de placas e pinturas de faixas serão concluídas durante este mês de outubro."
Para o engenheiro civil e professor na Faculdade de Engenharia de Sorocaba (Facens), Tetsuo Kamada, o fato do caminhão não ter conseguido fazer o retorno com tranquilidade demonstra que o local é inadequado para a manobra de veículos pesados. "O retorno em nível, no canteiro central das rodovias, precisa ser feito de forma segura, com raios de giro adequados tanto para veículos pequenos e de grande porte, além de dispositivos (faixas) de aceleração e desaceleração. Como o caminhão baú não conseguiu fazer o retorno é evidente que alguma coisa estava errada nesse retorno."
O outro retorno também apontado como irregular pelos usuários da SP-264 fica a menos de um quilômetro do primeiro, na entrada do bairro Green Valley. Os usuários alegam que esse, apesar de possuir um grau de inclinação maior, as carretas bitrem também encontram dificuldades para fazer o retorno para Sorocaba. Além disso, falta sinalização adequada, sobretudo de redução de velocidade, e outros dispositivos de segurança, como lombadas.
Usuários reclamam do acesso para o bairro
Além dos retornos inadequados, os moradores do bairro Green Valley, que fica ao lado da rodovia, apontam outras pontos em que a segurança de motoristas e pedestres está comprometida. Eles citam outros trechos problemáticos na rodovia, como a entrada e saída do bairro, onde falta sinalização de solo e placas. Reclamam também de um trecho com curva acentuada e com canteiro central em forma de valeta para separar as duas pistas da SP-264, quando o mais adequado, para eles, seria uma mureta de concreto. Eles alegam ainda que já levaram as reclamações para os engenheiros do Departamento de Estradas de Rodagens (DER), mas até o momento nenhuma solução foi apresentada.
Juvenal Luiz Moreira, 60 anos, mora há 25 anos no bairro e disse que já participou de pelo menos quatro reuniões com representantes do DER, onde todos os problemas envolvendo as obras de duplicação da rodovia foram apresentados pelos moradores do Green Valley. "Inclusive eu tenho uma cópia original do projeto e no caso dos retornos, por exemplo, havia a previsão inicial de fazer alguns em subsolo, o que aumenta bastante a segurança, mas creio que por falta de recursos eles foram descartados." Ele afirma que o DER não apresentou nenhuma solução para atender as reivindicações dos moradores e nem para melhorar os retornos irregulares. "Creio que a estrada será entregue assim. Até agora só temos certeza da passarela elevada, que a base já está em construção bem na altura do bairro. Isso vai sair." Em nota o DER nega que o projeto inicial trouxesse a construção de retornos em subsolo.
Apesar de morar em Sorocaba, Israel Furlanes da Silva, 28 anos, possui uma empresa no bairro e conta já ter visto acidentes graves na rodovia. "Nós vivemos apreensivos. Não sabemos se o DER irá colocar ou não alguma mureta de proteção." Ele conta ainda que também espera por melhorias nos pontos de acesso para o bairro, já que os moradores são obrigados a passar pela rodovia. "Falta sinalização para reduzir a velocidade dos veículos no local, já que é uma descida e os carros e caminhões passam em alta velocidade."
Já a moradora Ludmilla Carneiro, 37 anos, conta que o marido é motorista de carreta bitrem e que tem bastante dificuldade em usar os retornos da rodovia, em função do tamanho do veículo. "O correto seria ter um retorno ali no viaduto que dá acesso à estrada que vai para a Piedade, sem ter que cruzar a SP-264." (Colaboraram os integrantes do projeto Repórter Cidadão: Maria Maia, Felipe Antunes de Proença e Francisco Xavier Gomes)
Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul
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