Os trabalhadores do transporte urbano, intermunicipal, rodoviário, de fretamento e de cargas paralisarão as atividades na próxima sexta-feira (28) por 24h, das primeiras horas da madrugada até as 23h59, em 42 municípios das regiões de Sorocaba e de Itapeva. A informação foi divulgada nesta terça-feira (25) pelo Sindicato dos Rodoviários de Sorocaba e Região. Segundo a entidade, a interrupção deverá atingir 100% da frota de ônibus durante o protesto contra as reformas da Previdência e Trabalhista e contra a aprovação da terceirização.
A decisão foi tomada pela categoria em assembleia realizada na sede do sindicato em Sorocaba, nesta terça-feira (25), e em assembleias que aconteceram nas garagens das empresas nas últimas semanas. A entidade ressalta que o transporte funcionará normalmente na quinta-feira (27). Portanto, as linhas de transporte urbano, intermunicipal e rodoviário que circulam após a meia-noite irão finalizar suas viagens seguindo o itinerário praticado.
Transporte especial
O Sindicato dos Rodoviários informa que os transportes voltados para atendimento específico de saúde irão funcionar normalmente. Em Sorocaba, por exemplo, o transporte especial, aquele que atende com hora marcada a pessoas com necessidades especiais, estará funcionando para casos específicos de tratamento de saúde. Na região, os transportes por fretamento que levam pacientes para tratamento médico em hospitais e clínicas também serão mantidos em funcionamento.
Abrangência
O Sindicato dos Rodoviários representa os trabalhadores e as trabalhadoras em transportes em 42 municípios das regiões de Sorocaba e de Itapeva, a base de representação começa em Araçariguama e vai até Itararé, na divisa com o estado do Paraná. Em todos esses municípios os trabalhadores e as trabalhadoras em transportes irão participar da GREVE GERAL.
Luta contra desmonte de direitos
A GREVE GERAL é convocada por todas as centrais sindicais brasileiras e pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que congregam movimentos sociais, populares e estudantis. A GREVE GERAL é um instrumento da classe trabalhadora para impedir que governo federal, deputados e senadores aprovem as “reformas” da Previdência e Trabalhista, que prejudicam a sociedade. Outro objetivo da GREVE GERAL é anular a aprovação da lei que permite a terceirização sem limites.
Na região de Sorocaba, a organização da GREVE GERAL é responsabilidade da Frente Brasil Popular e do Fórum Interinstitucional de Defesa do Direito do Trabalho e da Previdência Social de Sorocaba e Região (FIDE), que orientam a população a não sair de casa para o trabalho, a escola ou para fazer compras no dia 28 de abril, próxima sexta-feira.
Dezenas de sindicatos com sede em Sorocaba também se organizam para a greve geral, marcada para acontecer em todo o País nesta sexta-feira, convocada por oito centrais sindicais -- CUT, UGT, CTB, Força Sindical, CSB, NCST, Conlutas e CGTB contra os projetos de reforma trabalhista, previdência e terceirizações, propostos pelo governo federal e em tramitação no Congresso Nacional. Na semana passada, um encontro organizado pela Frente Brasil Popular e pelo Fórum Sindical reuniu representantes de mais de 60 categorias, na sede do Sindicato dos Rodoviários, para traçar detalhes do movimento na cidade.
Entre os dirigentes sindicais o discurso é bastante parecido: em geral, as categorias devem parar, mas não foram divulgados, por enquanto, detalhes de como, em que horários ou com que tipo de ações de protesto isso deve acontecer. Algumas categorias reconhecidas por sua força de mobilização, como os metalúrgicos (além dos trabalhadores do transporte coletivo), já decidiram que irão cruzar os braços na sexta-feira. Durante a semana, assembleias e reuniões estão definindo as estratégias de participação destes trabalhadores no movimento.
Em relação ao transporte coletivo, o Sindicato dos Rodoviários de Sorocaba e Região informou ontem que 100% dos ônibus vão parar nesta sexta. A paraliação terá adesão dos trabalhadores do transporte urbano, intermunicipal, rodoviário, de fretamento e de cargas por 24h, das primeiras horas da madrugada até as 23h59, em 42 municípios das regiões de Sorocaba e de Itapeva.
"Estamos aconselhando que ninguém saia de casa neste dia", disse Maria Aparecida Cassetari, membro da diretoria do Sindicato dos Bancários de Sorocaba e Região. Segundo ela, a intenção do sindicato é de que nenhuma agência funcione nesta data, "inclusive por uma questão de segurança". "Os superintendentes regionais dos bancos já estão sendo avisados que isso deve acontecer."
Nunca visto antes
Entre os professores, a adesão deve ser grande no grupo dos que atuam no ensino público, liderados pela Apeoesp, mas também deve acontecer entre os docentes de escolas particulares. "Nunca vi professores de escolas particulares preocupados se vão ou não parar. Mas dessa vez estamos recebendo vários telefonemas querendo saber sobre a situação", comentou Fábio Luís Pereira, diretor jurídico do Sindicato dos Professores de Sorocaba e região (Sinpro).
"Não digo que irão parar 100%, mas alguns vão parar sim, pois se sentem mais atingidos ou já não tão pressionados", completou Fábio Pereira, que classifica a proposta de reforma trabalhista como uma "demolição" dos direitos dos trabalhadores. "O sindicato tomou uma posição e está pedindo aos professores que parem. E o sindicato patronal já está comunicado oficialmente desta paralisação."
O Sincomerciários Sorocaba, sindicato que representa os trabalhadores do comércio, também participou da reunião entre as entidades que pretendem aderir ao movimento na sexta-feira. "Reunimos 62 categorias que estão unânimes em parar mesmo. O comércio deve ser afetado não somente no Centro, mas também nas grandes avenidas", disse o presidente da entidade, Ruy Amorim.
Entre os servidores municipais, a expectativa também é de paralisação. O presidente Salatiel dos Santos Hergesel disse que uma assembleia ainda seria realizada para oficializar a decisão, mas que a categoria está unida pelo movimento. "Percebemos essa adesão dos servidores e da população também." Na área da saúde, há intenção de parar, segundo o presidente do Sindicato Único dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Sorocaba e Região (SinSaúde), Milton Sanches. "Na saúde sabemos que é um pouco mais difícil, mas deve haver paralisações sim."
Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul