Salto do Pirapora, SP, Brasil - National Geographic Brasil
Sob o sol forte do meio-dia, dois homens negros conversam em frente à última casa de pau-a-pique de uma pequena vila caipira. “Tatá camanaco orofômbi co cupopiandô e coçumbadô da cupópia” (“O homem branco jovem está com o falador e ouvidor da fala”), diz um deles ao reparar no gravador ligado. “Tataiova da mucanda coçumbano vavuro a cupópia do vimbundo” (“O homem da escrita está captando bem a conversa do preto”), comenta o outro, mostrando não se importar com isso. Longe do continente africano, os irmãos Marcos, 51 anos, e Juvenil Norberto Rosa de Almeida, 53 anos, fazem parte de um grupo cada vez mais restrito de pessoas que falam e entendem a “cupópia” – que significa “conversa” –, desenvolvida por escravos e preservada com muito esforço por seus descendentes, os remanescentes do Quilombo do Cafundó.