Ele
participou da última comitiva que trouxe burros para Sorocaba 1954
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Mario Guimarães, "último autentico" tropeiro - Divulgação JCS |
Último representante da geração local
de "tropeiros autênticos", segundo o jornalista e estudioso Sérgio
Coelho de Oliveira, Mário Magalhães morreu nesta quinta-feira em Sorocaba aos
87 anos de idade. Ele que em 1954 participou da derradeira comitiva que trouxe
muares de Viamão, no Rio Grande do Sul, à cidade (foram cerca de 200 burros, de
acordo com o pesquisador) encerrou, também, um ciclo.
A vocação para o tropeirismo veio do berço. Mario era filho do também tropeiro
Belmiro Magalhães que teve sua história contada pelo mesmo Sérgio Coelho em
reportagem publicada pelo Cruzeiro do Sul em 1994. O filho Fábio lembrou nesta
quinta-fiera que antes de Belmiro, o bisavô, Francisco, também enveredou pelas
tropeadas.
Mário nasceu em Araçoiaba da Serra, mas fixou residência em Sorocaba e morava
numa casa da avenida Itavuvu. Ficava, coincidentemente, a pouca distância do
Pelourinho, onde ocorreu aconteceu a elevação de Sorocaba à condição de Vila. A
história de Magalhães, portanto, se confundia com a do próprio município.
O tropeiro sofria de Alzheimer, mas enquanto pôde, de acordo com o filho Fábio,
se manteve "na lida". "A vida dele era o campo, era cuidar das
coisas da fazenda e da terra", destacou. A longevidade era outra marca
registrada da família. Belmiro, o pai de Mário, nasceu em 1900 e veio a falecer
em 1999. Viveu exatos 99 anos testemunhando todos os acontecimentos do
século vinte. Também nesta quinta-feira, o jornalista Sérgio Coelho de
Oliveira, estudioso do período histórico, contou que conheceu Mário Magalhães
em 1994, por ocasião do trabalho que produziu sobre o seu pai para o Cruzeiro.
A família de Belmiro residia então na região do Largo do Divino, em Sorocaba,
mas era procedente de Salto de Pirapora, onde ele tinha um sítio. A partir da
reportagem, Sérgio se tornou amigo de Mário, que também chegou a trazer tropas
do Sul do Brasil. A última viagem ocorreu em 1954.
"Mário trouxe uma tropa de 200 burros do Rio Grande do Sul, uma travessia
que demorou três meses até Sorocaba, marchando com os animais entre os carros e
caminhões que já percorriam as estradas brasileiras", relatou Coelho.
"Devia ser o último tropeiro autêntico, que trouxe tropas do Sul para cá.
Eu, pelo menos, não conheço mais ninguém."
Mário Magalhães era casado com Iolanda da Silva Magalhães e deixa os filhos
Celso, Celia, Gilberto, Mário e Fábio. O corpo do tropeiro é velado na Ossel do
Jardim Simus e será sepultado hoje, às 10h30, no Cemitério Memorial Park.