Salto de Pirapora Notícias

Salto de Pirapora Notícias

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

30 de Dezembro de 1953 - Salto de Pirapora se torna município


Foi fundada por Lavradores e Operários, comandados por Antonio Maximiliano Fidélis, mais conhecido pela alcunha de Antonio Fogueteiro e por Felício Lencione, que no dia 24 de Junho de 1906, apesar de virarem alvo de chacotas para os companheiros, pois ninguém acreditava que levassem a idéia adiante, rezaram a primeira prece no local e demarcaram o lugar onde seria a sede do município. No ano seguinte, foi construída a primeira capela local (onde esta a nossa Matriz), por João de Góes, que ainda ofertou uma imagem de São João Batista à pequena igreja que, desde então ficou como padroeiro de Salto de Pirapora.




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No dia 06 de Outubro de 1906, o Padre Luiz Sicluna celebrou a Primeira Missa na capela, com a presença de todos que moravam no pequeno povoado, e que ajudaram na construção da capela. Mais tarde, o mesmo padre, reuniu novamente esse pessoal e construiu no local a Matriz, que ainda funciona até os dias de hoje.

Em 1912 começaram a aparecer os primeiros carros , puxados por bois, que ajudaram muito no progresso do pequeno povoado, pois com eles iniciaram-se os transportes de madeira, produtos da agricultura local, como o arroz, algodão feijão e batata, para outras regiões.

Em 1911, Salto de Pirapora, foi elevada a vila e incorporada como distrito do município de Sorocaba, pela Lei nº 1250, de 18 de Agosto de 1911, que criava o Distrito de Paz pertencente a Sorocaba.

A tão batalhada Emancipação, chegou somente em 1953, através de um plebiscito, na qual votaram os 657 eleitores que ali residiam na época. Desses eleitores, 475 votaram a favor do desligamento político da vila, 174 votaram Contra, 4 votaram em Branco e teve 4 votos Nulos.

Finalmente, em 1953, no dia 30 de Dezembro, Salto de Pirapora se eleva à categoria de Município pela Lei 2456. E a partir dessa data, Salto de Pirapora não parou de crescer pois ali se instalaram varias industrias buscando a grande riqueza que a extração de Minérios fornecia.


Antiga Fábrica de Cimentos Santa Rita - atualmente Votoran Cimentos


SALTO DE PIRAPORA - SÃO PAULO


HISTÓRICO

Os lavradores e operários das indústrias caieiras resolveram reunir-se em povoados mais próximo de suas ocupações, tendo o seu fundador, Antônio Fidelis "Antônio Fogueteiro", demarcado o local, junto à margem esquerda do rio Pirapora, originando o seu nome da cachoeira de Pirapora.



Pirapora é topônimo indígena, " pirá-pora ", que segundo Theodoro Sampaio, significa lugar onde o peixe salta.

Um ano depois, em 1907, João Goes construiu uma pequena capela sob invocação de São João. A partir daí a população começou a se transferir para o local, tendo alcançado rápido progresso, principalmente quando chegaram ao povoado pessoas abastadas que, atraídas pela prospecção mineralógica calcária, adquiriram propriedades e estabeleceram casas comerciais.


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Por volta de 1918, Benedito Aires, o "Dito Maleiro", encarregado do transporte da mala postal entre Sorocaba e Pilar do Sul, organizou o primeiro transporte de passageiros. O movimento tornou-se intenso e regular, o que ocasionou a construção de uma nova estrada, ligando Salto de Pirapora a Pilar do Sul. Esta via de comunicação possibilitou o fácil contato com outras regiões, o que lhe proporcionou progresso.



Antiga Concha Acústica: Praça Antônio Leme dos Santos


GENTÍLICO: SALTENSE


FORMAÇÃO ADMINISTRATIVA

Em divisão administrativa do Brasil referente ao ano de 1911, figura no Município de Sorocaba o Distrito de Salto de Pirapora, criado por Lei Estadual nº 1250, de 18 de agosto de 1911, assim permanecendo em divisão administrativa referente ao ano de 1933.

Em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII-1937, Salto de Pirapora é Distrito judiciário e pertence ao Município de Sorocaba.

No quadro anexo ao Decreto-lei nº 9073, de 31 de março de 1938, o Distrito de Salto de Pirapora permanece no Município de Sorocaba.

No quadro fixado, pelo Decreto Estadual nº 9775, de 30 de novembro de 1938, para 1939-1943, o Distrito de Salto de Pirapora permanece no Município de Sorocaba, assim figurando no quadro fixado, pelo Decreto-lei Estadual nº 14334, de 30 de novembro de 1944, para vigorar em 1945-1948, bem como no fixado pela Lei Estadual nº 233, de 24­XII-1948, para vigorar em 1949-53.

Elevado à categoria de Município pela Lei Estadual nº 2456, de 30 de dezembro de 1953, desmembrado de Sorocaba, constituído do Distrito sede. Sua instalação verificou­se no dia, 01 de janeiro de 1955.

Assim permanecendo em divisão territorial datada de 01-VII-1960.


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Evolução Populacional

•1991: 25.344 hab.

•1996: 29.120

•2000: 35.072

•2007: 37.324

População atual: 40.141 hab.

Área: 280,50 km2


Bioma: Mata Atlântica


Fonte site IBGE:

http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=354530#
 


Paço Municipal "David José Haddad"


Salto de Pirapora - Vista Panorâmica


terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Pilar do Sul e Salto de Pirapora - Cratera interdita rodovia SP-264

Cruzeiro on-line


Após as fortes chuvas ocorridas neste domingo (26/12), o asfalto cedeu na rodovia Francisco José Ayub (SP-264), no quilômetro 132, trecho entre Salto de Pirapora e Pilar do Sul, causaram a abertura de uma cratera que engoliu parte da pista.

A interdição da rodovia pegou de surpresa muitos condutores que costumam utilizar a via. Por enquanto não existe prazo para a liberação da pista. As alternativas para os usuários são as seguintes: estradas de Sarapuí e de Piedade (SP-79 e SP-250), ou então por uma via rural em terra, com acesso pelo bairro Ilhas de Cima ou Panorama.

Comentários

Rinaldo José Belchior [ 28/12/2010 ]

“DER não tem previsão de reabrir trecho da rodovia” ... Previsão?? Precisamos de ação urgente.... Bem pelo menos eles tem CONES a cratera está SALVA ...

Pollyanna Oliveira [ 27/12/2010 ]

aqui podemos visualizar como estava forte a água

http://www.youtube.com/watch?v=qXREYRoMvYs


Vídeo: Cláudio


 De TV Tem. Vídeo de Érica Murakami


Chuva forte causa abertura de cratera e interdita rodovia no interior de SP


SP-264 foi bloqueada entre Pilar do Sul e Salto de Pirapora.

Enxurrada fez terra ceder na tarde deste domingo (26/12).

Do G1 SP

A chuva forte que atingiu o estado de São Paulo na tarde deste domingo (26) causou a abertura de uma cratera na Rodovia Francisco José Ayub, a SP-264. A via está interditada no limite entre os municípios de Pilar do Sul e Salto de Pirapora, no interior do estado.

O buraco se abriu na pista por volta das 17h, pouco depois de a chuva começar. Por baixo do asfalto passa córrego, e a água acabou invadindo a pista. Enquanto a enxurrada avançava, a terra cedeu e a cratera se abriu.

Segundo testemunhas, um motociclista foi arrastado pela força da água. Ele conseguiu escapar da enxurrada sem ferimentos. O desvio é feito por Piedade e Sarapuí, um pouco antes do trecho interditado.

http://glo.bo/eTXcnZ

Veja o vídeo:

http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2010/12/chuva-forte-causa-abertura-de-cratera-e-interdita-rodovia-no-interior-de-sp.html



Portal de notícias de Pilar do Sul-SP (Clique aqui)

CRATERA NA RODOVIA - [ 28/12 ]

DER não tem previsão de reabrir trecho da SP-264

Notícia publicada na edição de 28/12/2010 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 6 do caderno A
http://www.cruzeirodosul.inf.br/materia.phl?editoria=36&id=379586
Luiz Setti


Viaturas da Polícia Rodoviária e do DER reforçam o trabalho e ajudam com informações.

A interdição da rodovia Francisco José Ayub (SP-264), no quilômetro 132, trecho entre Salto de Pirapora e Pilar do Sul, pegou de surpresa muitos condutores que costumam utilizar a via. O trecho foi fechado após uma chuva que cedeu o asfalto e uma cratera que engoliu parte da pista. Um motociclista conseguiu escapar após ser arrastado pela força das águas. Equipes do DER estão avaliando o local e será contratada uma empresa em caráter emergencial para realizar os reparos na estrada. Mas, por enquanto, não existe prazo para a liberação da pista. As alternativas para os usuários são as seguintes: estradas de Sarapuí e de Piedade (SP-79 e SP-250), ou então por uma via rural em terra, com acesso pelo bairro Ilhas de Cima ou Panorama.

À margem da rodovia, entre pedaços de pavimentos, pedras e lama é possível identificar a moto vermelha, de placas CVF-4983, de Pilar do Sul. O pecuarista Benedito de Barros reside nas imediações e contou que a chuva começou por volta das 16h. Ele presenciou o “apuro” do motoqueiro Miguel Mendes da Rosa que foi arrastado pela força das águas. “Não podia fazer nada. Isso aqui parecia uma represa”. Enquanto era levada pela correnteza, a vítima, que sabe nadar, conseguiu agarrar-se às plantas e sair ilesa. Os estragos começaram a aparecer por volta das 17h30, quando a água começou a baixar.

O pecuarista lembrou que há quinze anos a pista teria sido danificada pelas chuvas mas não chegou a ser interditada. Desta vez, ele acredita que o ocorrido seria em razão da tubulação sob a pista que não foi suficiente para escoar toda a água e acabou rompendo. Ele tem propriedade nesse trecho há quarenta anos e disse que, até então, não havia presenciado tal situação.

Surpresa no caminho

O motorista Auro Pereira vinha de Barueri e só ficou sabendo da interdição ao avistar os cones e faixas próximo ao local. Ele transportava medicamentos com destino aos hospitais de Pilar do Sul e de São Miguel Arcanjo. “Se for pegar outro acesso vou perder mais duas horas”, reclamou. Os caminhoneiros João Batista Oliveira e Wagner Araújo, ambos de Pilar do Sul, chegaram ao local por um dos acessos rurais, pelo bairro Ilha de Cima, a partir de um pesqueiro local. “É um desvio de terra que soma uns 12 quilômetros mais ou menos, mas se chover não dá pra passar”, alerta Oliveira.

A funcionária pública Flávia Ferraz, de Sorocaba, ia para o Fórum de Pilar onde trabalha e ficou assustada com os estragos. “Como é que vou fazer agora?”, questionou. Ela tomou conhecimento da via rural mas confessou ter medo de não conseguir chegar ou retornar. “Por Piedade ou Sarapuí são uns 45 quilômetros a mais”, calculou o caminhoneiro Araújo. Havia um outro acesso rural no bairro Ilha de Baixo que estava fechado em razão da queda da ponte em madeira. Já a auxiliar de enfermagem Claudete da Silva questionava sobre o transporte coletivo que faz esse trecho.

Ela mora no Ilha de Baixo e contou que o Cometa de Sorocaba é o único que atende essa região. Tem como destino São Miguel Arcanjo e Pilar do Sul. “Não sei como vai ser agora. Eu trabalho em Sorocaba”. O analista de tráfego da empresa Cometa, Carlos Alberto Ferreira de Medeiros, explicou que os ônibus que atendem esse trecho estão desviando por Piedade. Vão até Salto de Pirapora e retornam por Piedade. Ele pediu paciência em razão do atraso. Apenas o trecho de Salto até o bairro Vieira está sem transporte. “A gente está conseguindo atender a maioria”, garantiu.

Opções aos motoristas

Por meio da assessoria de comunicação, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do Estado de São Paulo informou que as opções para os motoristas entre Pilar do Sul e Salto de Pirapora são as seguintes: via Sarapuí (seguir pela Estrada Municipal Pilar-Sarapuí e, em seguida, pela vicinal Sarapuí-Salto de Pirapora) e via Piedade (seguir pela SP-250 até o entroncamento com a SP-79. Então, seguir pela SP-79 até a rodovia estrada João Guimarães ou até a SP-264).

Quanto a previsão de início dos trabalhos e liberação da pista ainda não existe prazo, afirmou o setor de comunicação do DER. Ao longo do trecho, a partir do quilômetro 124 da rodovia Francisco José Ayub (SP-264), são encontradas viaturas com equipes da Polícia Rodoviária e do DER que reforçam o trabalho e ajudam com informações e alertas sobre a interdição do quilômetro 132.

Reportagem da SP-264 na TV Tem




Fonte: TV TEM (Clique aqui)

Mais informações no site do jornal Diário de Sorocaba

http://www.diariodesorocaba.com.br/site2010/edicao2.php?id=156

domingo, 19 de dezembro de 2010

Corinthians plantou 23 mil árvores no ano do centenário



Cada gol e cada jogo corintiano em 2010 gerou o plantio de 100 mudas no projeto “Jogando pelo meio ambiente”, uma parceria do clube com o Banco Cruzeiro do Sul.

iG São Paulo - 17/12/2010

O Corinthians e o Banco Cruzeiro do Sul conseguiram atingir um total de 23 mil mudas plantadas em parceria que teve início em março de 2010. Cada gol corintiano e cada jogo do clube no ano do centenário simbolizaram o plantio de 100 árvores. O meia Bruno Cesar foi o "artilheiro" do projeto com 15 gols, que representaram 1.500 árvores. Elias veio logo atrás com 13 gols (1.300 mudas), seguido de perto por Ronaldo, que com 11 gols foi responsável por 1.100.

Do total de mudas plantadas, sete mil representam os jogos ao longo do ano (70) e mais 11,9 mil correspondentes aos 119 gols marcados em três competições - Libertadores, Paulista e Brasileiro - e em alguns amistosos. Além disso, foram mais 4,1 mil mudas por iniciativa própria do clube e da instituição financeira. As árvores plantadas formam a Reserva Florestal Corinthians Banco Cruzeiro do Sul, uma área de 103 mil metros quadrados localizada em Salto de Pirapora, no interior de São Paulo.

Usando o futebol, o “Jogando pelo Meio Ambiente” foi criado para conscientizar a população e torcedores corintianos sobre a importância de se pensar com mais profundidade sobre as mudanças climáticas e o aquecimento global.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Perfil Urbano em 24 de outubro, junto a 412 torcedores que foram ao estádio do Pacaembu para assistir ao jogo entre Corinthians e Palmeiras pelo Campeonato Brasileiro, comprova a eficiência do projeto em difundir as questões ambientais junto aos corintianos.

No contexto geral, de acordo com a pesquisa – que teve margem de erro de 5% - todos os torcedores concordam, total ou parcialmente, que o projeto contribui para o meio ambiente. Também há alto nível de conhecimento e interesse verificados pelo tema aquecimento global.

Além disso, 71% dos entrevistados revelaram ter mais interesse pelo tema Meio Ambiente depois que souberam do projeto, bem como parcela significativa (56%) declarou ter modificado algum aspecto de comportamento a partir do contato com as ações do projeto.

"O projeto veio ao encontro de nossos objetivos e o Corinthians é o parceiro ideal para mobilizar toda a comunidade para a importância dessas práticas”, afirma Luis Octávio Índio da Costa, diretor superintendente do Banco Cruzeiro do Sul.

Embaixador do projeto, o ex-capitão corintiano William abraçou a causa desde o lançamento do projeto, e, mesmo fora dos gramados, agora como consultor financeiro, diz que estará ainda mais engajado nas próximas ações em 2011.


“Sempre me interessei pelas questões que envolvem o tema. O projeto me trouxe a oportunidade de atuar de forma ativa na busca pela conscientização das pessoas sobre a importância da preservação do meio ambiente”.

O diretor de marketing do Corinthians, Luís Paulo Rosenberg, já prevê um 2011 de mais conquistas para o Jogando. “Queremos que os corintianos continuem apoiando o projeto e façam a diferença, junto conosco, no combate ao aquecimento global. O pontapé inicial foi muito bem dado e agora é seguir em frente para colhermos os frutos”, afirma.



O Instituto Ecoar é responsável pelo plantio e pela manutenção das árvores. Os resultados das ações do projeto são constantemente atualizados no site www.jogandopelomeioambiente.com.br e também no blog, que trata de assuntos ligados ao meio ambiente, trazendo fotos e dicas de como cada cidadão pode diminuir as emissões de gases do efeito estufa, combatendo o aquecimento global.



Mais fotos em:

http://www.jogandopelomeioambiente.com.br/interatividade/galeria_detalhes.asp?id=15



Leia mais sobre: Corinthians, Marketing, Meio Ambiente

http://esporte.ig.com.br/futebol/2010/12/17/corinthians+plantou+23+mil+arvores+no+ano+do+centenario++10330721.html



http://globoesporte.globo.com/futebol/times/corinthians/noticia/2010/12/timao-termina-o-ano-com-23-mil-mudas-de-arvores-plantadas.html

Cafundó continua à espera de terras que nunca chegam

Regina Helena Santos

Notícia publicada na edição de 19/12/2010 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 2 do caderno D.


Fotos: Adriano Vincler de Campos

Cafundó - Salto de Pirapora-SP - Clique na imagem para ampliar o tamanho
• Um ano depois de receber, das mãos do presidente Lula, documento que garante a desapropriação do terreno, famílias ainda vivem incerteza.

A luta para provar que os 209,6 alqueires de terra - que eram 218, em 1.888 - pertenciam aos ex-escravos Joaquim Congo e Ricarda, depois de tê-los herdado de um fazendeiro, durou décadas. Há pouco mais de um ano, mais exatamente no dia 23 de novembro de 2009, as 18 famílias que vivem no Cafundó, comunidade remanescente de quilombo, acharam que a batalha estava ganha - elas receberam, das mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o decreto que tornou a área de interesse social para desapropriação e consequente regularização fundiária em nome da comunidade, o primeiro passo para serem, finalmente, proprietários da terra onde vivem desde que nasceram. Porém, mais de 12 meses depois, nada mudou no que hoje é um vilarejo na região rural de Salto de Pirapora.

Quem visita o Cafundó, instalado num vale a 14 quilômetros do centro da cidade, encontra uma vila de pouco movimento, onde vivem famílias humildes. Algo bem diferente do que se pode esperar de um espaço que já foi cenário de filme e fonte de informações para centenas de livros e pesquisas. Os descendentes dos escravos não vivem mais na miséria, mas isso não significa que o dia-a-dia é confortável, como a fama do local pode sugerir. “Hoje a situação até que é boa, pois teve épocas em que passamos fome”, lembra Marcos Norberto de Almeida, de 50 anos, que mora no Cafundó desde que nasceu. As casas, a maioria descaracterizada das versões originais, são simples, muitas sem reboque. Apenas uma, feita de taipa, mantém o cenário do que era o Cafundó há mais de um século. Não há escola, posto de saúde e nenhum tipo de comércio.

O cotidiano se resume a lidar com a plantação de milho, feijão e cana, usados para a alimentação diária, e às rodas de conversa debaixo das árvores. Mas o espírito dos descendentes de escravos está longe de querer sombra e água fresca. A luta pela terra - que apesar de difícil, é relatada com orgulho - se dá exatamente porque o pessoal do Cafundó quer trabalhar. “A gente não quer receber comida aqui, quer é ter condições de produzir tanto para poder mandar comida para outros lugares, sobreviver da plantação”, é o que pensa Marcos. Porém, sem a posse da terra não há apoio governamental e linhas de crédito disponíveis para o pontapé inicial neste projeto. “A gente não precisa só comer, precisa também de outras coisas”.

Há muito tempo...

O mais recente passo da comunidade do Cafundó na luta pelas suas terras aconteceu no dia 7 de dezembro. Nesta data foi realizada uma reunião na sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), na capital paulista, na qual os moradores exigiram que tudo o que foi prometido fosse colocado no papel - principalmente o compromisso de liberação dos estudos técnicos sobre a área, dividida em quatro glebas, para que a fase de indenização, desapropriação e registro do terreno em nome da Associação Remanescente de Quilombo Quinbundo do Cafundó saia antes de novembro de 2011 - data em que expira a validade do documento entregue por Lula.

Porém, este foi apenas mais um capítulo da batalha pela posse do terreno onde está a comunidade do Cafundó, que é antiga. Diz a história que na década de 40 o espaço começou a ser cobiçado por fazendeiros - estes compraram lotes, grilaram grande parte das terras ou, por vezes, invadiram a área. Em 1.999, o Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp), reconheceu que o local é um remanescente de quilombo. “O que eu ouvi, lá na Bahia, foi que até março deste ano estaria tudo resolvido. A gente esperou, mas não aconteceu nada”, conta Regina Aparecida Pereira, que há sete anos atua como uma espécie de líder da comunidade. É ela que acompanha reuniões, reúne documentos e, junto com o marido, Marcos Norberto, se mantém incansável. Por mais antigo que seja o morador do Cafundó, quando o assunto é esse o que se ouve é: “fala com a Regina, ela que está por dentro de como está a situação”.

A líder da comunidade, a quem coube representá-la na cerimônia de entrega do documento pelo presidente da República, que aconteceu na Bahia, conta que depois daquele dia os moradores não obtiveram mais nenhuma informação oficial sobre o andamento do processo. “Tivemos uma reunião em março e outra somente agora em novembro”. Neste meio tempo, técnicos do Incra fizeram a medição do terreno, atualização de valores e recadastramento das famílias. Porém, o que poderia ter sido um processo tranquilo, acabou gerando insatisfação, por parte da comunidade, por conta da falta de informação.

“Eles desmarcaram reuniões duas vezes. Na segunda vez não tivemos dúvida: fomos até lá, mais cedo, fizemos pressão e o superintendente nos atendeu”, contou Regina. O rápido encontro, que acabou gerando nova reunião 15 dias depois, resultou num documento no qual o Incra estabelece um prazo para a titulação das terras. “Para a gente não ficar ouvindo e depois ter que voltar lá e repetir tudo de novo, pedimos para que colocassem isso no papel e assinassem embaixo”. O terreno, dividido em quatro glebas, será regularizado - segundo o Incra - na seguinte ordem: gleba B (até o final deste ano), gleba C (janeiro de 2011) e glebas A e D (março de 2011).

Além da longa espera que acompanha a comunidade, a preocupação é porque o documento que eles possuem tem validade de apenas dois anos. “Já passou um ano. Para nós isso é um descaso total. O pior é que mostramos a eles a lei que fala deste prazo, o chefe da divisão de Quilombos disse que a legislação é sobre assentamentos. Mas não é, fala de áreas de interesse social. Eles criam um monte de leis, que dizem que defendem as comunidades quilombolas, existem muitas políticas públicas para quilombos, só que a sociedade não sabe o que a gente precisa fazer para conseguir e, mesmo assim, ainda não consegue”, desabafou Regina.

O Incra, por meio de sua assessoria de imprensa, confirmou que durante o ano de 2010 foi realizado o trabalho de avaliação do imóvel (terreno), que consiste em um estudo minucioso da cadeia dominial da propriedade, além de levantamento completo de benfeitorias. Trata-se de um laudo que subsidia a ação judicial, que o órgão terá que ingressar, na Justiça, para obter a posse do imóvel. Segundo o Incra, a partir deste levantamento acontecerá o depósito do valor da indenização, seguido do pedido judicial de posse e o registro em nome da comunidade. A previsão “oficial” do órgão é que a regularização aconteça no segundo semestre de 2011 - já que a ação judicial tem preferência legal, ou seja, ela é prioritária para julgamento, e seu mérito não pode ser interrompido por ações contrárias. Aos moradores do Cafundó, resta esperar.

Quilombos no Brasil

Os quilombos eram núcleos habitacionais e comerciais de resistência à escravidão, já que abrigavam escravos fugidos de fazendas. Embora não existam mais quilombos no Brasil, comunidades remanescentes se instalaram em vários estados. No total, 743 foram identificadas, mas só 29 foram tituladas oficialmente pelo governo - dentre elas o Cafundó.

Estima-se que 2 milhões de pessoas vivam nestas comunidades organizadas para garantir o direito à propriedade da terra. Segundo a Fundação Cultural Palmares, do governo federal, que confere às comunidades o direito ao título de posse da terra, os habitantes remanescentes dos quilombos preservam o meio ambiente e respeitam o local onde vivem.

Mas sofrem constantes ameaças de expropriação e invasão das terras por inimigos que cobiçam as riquezas em recursos naturais, fertilidade do solo e qualidade da madeira. (Fonte: IBGE).

Curiosidades

Todos os moradores do Cafundó ainda preservam o dialeto chamado Cupópia, construído a partir de uma mistura de línguas africanas, usado para a comunicação exclusiva entre eles. A língua é absolutamente incompreensível para quem não a conhece.

- Apesar de existir desde o século XIX, o Cafundó passou a ser conhecido além das fronteiras de Salto de Pirapora em 1.978, ano em que foram publicadas as primeiras reportagens sobre o local pelo Jornal Cruzeiro do Sul e O Estado de São Paulo. (Relatório Técnico-Científico - Itesp)

CAFUNDÓ - [ 19/12 ]


Comunidade diz que benefícios só chegam com muito esforço

Regina Helena Santos

Notícia publicada na edição de 19/12/2010 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 3 do caderno D.



Marcos Norberto líder da Comunidade do Quilombo Cafundó e Professor Joel do "jornal Liberdade" (foto Adriano Vincler de Campos)

"Se a gente ficar quieto com determinadas coisas que acontecem, eles amarram a gente no tronco outra vez. É bem assim que funciona aqui. O descaso do governo com o Cafundó é uma coisa gritante”

A frase de Regina para exemplificar o espírito das 18 famílias que moram no terreno a 14 quilômetros do centro de Salto de Pirapora é forte, mas um desabafo diante das dezenas de situações em que a comunidade precisa pedir, correr atrás, insistir, mostrar documentos e não perder de vista o andamento dos processos que envolvem o nome do quilombo para garantir que algo aconteça. E isso para coisas muito mais simples que a titulação de terras, como a conquista de transporte gratuito para levar as crianças até a escola ou atendimento de saúde.

Os recursos para a sobrevivência vêm de cadastros no programa federal Bolsa Família e dos salários de alguns, já que muitos moradores acabaram optando por trabalhar nas redondezas, principalmente nas chácaras da vizinhança. “Para a história do quilombo isso não é bom, mas não dá para segurar as pessoas aqui”, diz Regina. Os jovens são estimulados a ficar no local, mas apenas a metade deles opta por isso, como foi o caso de Camila Rosa Almeida, de 20 anos. “O sonho do meu pai e dos meus tios sempre foi ganhar essas terras. Pretendo ficar aqui por causa dessa luta triste que eles têm durante tantos anos. As pessoas sonham e não vêem o resultado deste sonho. É triste isso”, falou.

O pai de Camila, Adauto Norberto, de 64 anos, mesmo com a saúde debilitada continua lidando com a terra. Otimista, ele lembra que sua avó e sua mãe morreram na vila sonhando em um dia ter a posse daquele local. “Perto do que já lutamos, agora parece que está na mão”. A questão das terras - ou da falta de propriedade delas - ainda é o que impede a comunidade de “crescer”, como dizem os moradores, referindo-se à ausência de políticas públicas para apoiar as famílias. “Eles colocam para a gente que enquanto não tiver titulação não dá para implantar nada. Mas precisaremos de ajuda. Eles vão nos devolver a terra mas não temos um centavo para começar as coisas por aqui”, diz Regina. No sonho, além das condições ideais para a “roça”, uma escola para as crianças e um posto de saúde.

Ausência

A presença do governo no Cafundó não é vista no cotidiano. Existem resquícios de projetos e ações governamentais, como um galpão equipado com computadores e uma pequena biblioteca. O atendimento de saúde acontece por meio do programa Médico da Família, mas a comunidade diz que é precário. “O médico e a auxiliar vêm uma vez por semana e ficam aqui entre 9h e 11h. Algumas semanas não aparecem. Sabemos que teriam que vir duas vezes por semana, fazer palestras de orientação, ficar aqui o dia todo. Mas não é o que acontece”, denuncia Regina. Os pacientes são atendidos nas dependências do centro comunitário, sem qualquer infraestrutura de consultório médico. Para os tratamentos, a equipe traz diclofenaco, dipirona e outros medicamentos para cuidar de sintomas mais simples. “Se alguém tiver um infarto aqui, morre”, reclama a líder comunitária.

Sem apoio para a agricultura, eles sobrevivem da pequena safra de milho e feijão, somada a uma única cesta básica que a Prefeitura de Salto de Pirapora manda, por família, a cada intervalo de dois meses. As crianças do Cafundó estudam em escolas no centro de Salto de Pirapora e no Bairro da Barra. Para transportá-las, a administração municipal cede um ônibus, mas nem sempre foi tranquilo assim. “No começo eles tinham que pegar o transporte lá na estrada e trocar de ônibus quando chegavam no bairro Capão Redondo. Quantas vezes eles não tinham que vir a metade do caminho a pé, porque o ônibus quebrava”, lembra Regina.

Para ela, as dificuldades estão diretamente ligadas ao preconceito. “Há um estigma, por conta de episódios do passado, que o pessoal do Cafundó é violento”. Marcos vai mais longe: “essa cidade é muito preconceituosa”. Questionada sobre o apoio que dá ao Cafundó, a Prefeitura de Salto de Pirapora listou os mesmos serviços apresentados pelos moradores, com exceção do atendimento odontológico -que, segundo a administração municipal, acontece no Centro Municipal de Especialidades - e a oferta de cursos gratuitos de capacitação e geração de renda - fato que não foi citado pelos quilombolas.

Os deputados estaduais também apresentaram emendas para a conquista de benefícios ao Cafundó - mas grande parte destas nunca chegaram. Um exemplo foi um trator, que para sair precisava ser em nome da Prefeitura. “Não quisemos, porque não tínhamos nenhuma garantia de que, quando precisássemos, a máquina estaria aqui”, falou Marcos. Outro, uma estufa para plantio, ainda está emperrado. “Soubemos pela comunidade de Caçandoquinha, que também ganhou, do mesmo deputado, por acaso. Daí começamos a correr atrás da liberação, mas até agora nada. Temos que ficar em cima, apresentando papel, dizendo que a gente sabe, que não está desinformado. Senão eles passam a perna na gente”.

Histórias de verbas que “desapareceram” também são muitas. “O governo iria construir uma quadra poliesportiva, o que nunca aconteceu”. Doações sem sentido também fazem parte do dia-a-dia. “Eles mandaram essa quantidade enorme de calcário para a plantação, mas não temos nem onde guardar. Avisei, mas eles disseram que tinham que descarregar aqui”, contou Marcos. “Parece uma estratégia para queimar a comunidade. Daí eles dizem: ‘a gente mandou lá e eles deixaram estragar, não usaram’. Mas não temos nem terra para plantar!”.

Fonte de informação

Quase toda semana o Cafundó recebe pesquisadores, estudantes, equipes de reportagem e todo o tipo de gente que vê, na comunidade, uma fonte inesgotável de informações, história e cultura. “Conversamos muito sobre isso. Sabemos que não dá para parar com isso, não dá para negar as informações que eles buscam. Mas hoje em dia não dá mais para receber um pesquisador e não amarrar nada com ele. Colocamos o que a gente precisa para ver como podem nos ajudar”, diz Regina. Marcos, que convive com esta situação desde que nasceu, já se mostra mais incomodado. “No meio de mil, só uma meia dúzia ajuda. Algumas vezes me sinto usado. Demos muitas entrevistas porque o pessoal falava que se a gente não fosse conhecido iríamos perder nossas terras. E olhe só, a situação continua a mesma”.

Com o sorriso no rosto, ele conta um destes episódios. “Fomos num encontro de quilombos, no litoral, e quando paramos num posto de gasolina vimos uma foto enorme das nossas meninas. Era uma revista que veio nos entrevistar. Eles estão vendendo, mas a maioria das vezes esse material nem chega aqui para a gente ver. Outro dia o autor de um livro que fala do Cafundó se negou a nos doar um exemplar”, reclamou. Situações como, por exemplo, a visita de equipes de televisão e jornalismo que pedem para que os homens carreguem toras de madeira para simular os tempos de trabalho escravo também compõem o extenso repertório dos homens e mulheres do Cafundó que têm, na sua história, o único bem que ninguém pode tirar.









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domingo, 19 de junho de 2005

Cafundó, Onde Angola encontra o Brasil

imagens: Adriano Ávila
No interior de São Paulo, uma comunidade quilombola recebe apoio até mesmo de africanos para manter suas tradições
Por Fernanda Pennachia
Imagem Adriano Ávila
Nos dicionários de português, “cafundó” é sinônimo de lugar distante, de difícil acesso ou “fim-de-mundo”. Mas para um grupo de 98 brasileiros descendentes de escravos, essa palavra significa o lar, uma terra tão importante a ponto de suscitar a visita de africanos em busca de um elo cultural. Cafundó está logo ali, na zona rural da pequena Salto de Pirapora (SP). Ela é, na verdade, uma tribo que remonta aos tempos da Colônia e do Império. Um quilombo a meros 130 quilômetros de São Paulo.

Se muitos brasileiros nem sequer ouviram falar dessa comunidade, para os angolanos, por exemplo, a história é diferente. Há 25 anos Neves Mussaqui, pastor da Igreja Presbiteriana Africana, lá esteve para iniciar um trabalho de preservação cultural. E recentemente, ele retornou. Foi a segunda visita do pastor a esse pedacinho da África no Brasil. Um quilombo que guarda em sua rotina muitos aspectos de Kikongo - a tribo de onde Mussaqui nasceu, no norte de Angola.
Não é algo tão visível. A única construção que sobreviveu desde a época da escravidão é uma pequena capela, que outrora fora o altar do candomblé. Hoje, nela se cultuam os santos do catolicismo, exibidos em imagens ao lado de fotografias de parentes já falecidos. Os vestígios da religião africana ou alguma imagem de orixás do candomblé existem, mas de forma sutil.
A herança mais importante - viva até hoje - é de ordem oral: “Nhogúndi!”, brada o agricultor Otávio de Almeida Caetano, ao reconhecer o religioso africano. A palavra significa “pastor” no dialeto Kikongo. Mais de um século depois do fim o tráfico negreiro para o Brasil, os moradores do Cafundó ainda mantém vivo o idioma falado por seus antepassados.
Ciente da necessidade de preservar esse tesouro lingüístico, o religioso angolano veio ao interior paulista para estreitar os laços com os primos brasileiros e estimular o interesse pelo dialeto. Trouxe consigo uma apostila repleta de palavras do idioma kikongo. Queria corrigir possíveis danos causados pelo tempo.
Na verdade, em Cafundó fala-se a cupópia – nome que se dá à mistura de três dialetos tribais angolanos: o kikongo (típico do norte de Angola), o kimbundo (do centro do país) e o umbundo, (do sul). Um dialeto que resiste ao tempo através de uma tradição exclusivamente oral.
Ainda hoje, o cupópia é usado com freqüência misturado ao português. São 115 substantivos, 15 verbos, oito adjetivos e dois advérbios. Além de metáforas quase poéticas. Um exemplo é o termo que se usa para definir quarto de dormir: em Cupópia é “injó de marrupa”’ - traduzido ao pé da letra: casa do sono.
A língua, contudo, corre sérios riscos de desaparecer. Em parte porque os jovens já não dão tanta importância à tarefa de aprendê-la. Mas a grande ameaça é o simples fim do quilombo em si. Doadas aos escravos após a assinatura da Lei Áurea, as terras totalizavam cerca de 200 alqueires no final do Século 19. A disputa começou de imediato. Com a morte do doador, os documentos da posse sumiram e o quilombo começou a sofrer a ação de invasores – uma história que se perpetua há mais de 100 anos.
Amparados na Constituição de 1988, que confere aos moradores de quilombos o direito à propriedade das terras originais, os cafundoenses conseguiram que fossem tombados os cerca de oito alqueires que lhes restaram – menos de 4% do território original. E o que é pior: de um terreno arenoso e difícil de plantar, o que dificulta a prosperidade local e deixa os quilombolas isolados na pobreza e fora das prioridades governamentais. Exemplos disso não faltam: um único telefone público atende aos 98 moradores do quilombo. Além disso, as crianças e jovens que freqüentam a escola precisam tomar o ônibus às seis horas da manhã. Depois disso só no meio da tarde.
Essa vida dura é compartilhada pela quase centena de habitantes, dividida em duas famílias. Os Caetano e os Pires. Os Pires são descentes do casamento de uma escrava com o seu senhor, Joaquim Oliveira, o doador das terras. As gerações que os sucederam foram se misturando aos brancos. Hoje os negros são minoria na comunidade. Alguns moradores têm cabelos claros e olhos verdes. Não por isso são menos descendentes que os negros. São os chamados, canfombes, ou brancos, no dialeto cupópia.
Os descendentes da família Caetano mantiveram a cor negra. São os vimbundos. Enfrentam mais preconceito que seus primos brancos e dificilmente conseguem emprego. Sem contar os problemas com a lei. No último lance dessa guerra, na década de 1990, os irmãos Caetano tiveram que enfrentar um júri após resistir à invasão de posseiros e causar a morte de um dos invasores. Acabaram absolvidos, graças à alegação de legítima defesa. Mas só em última instância, após um longo processo.
Marcos Norberto de Almeida é um emblema da luta que se empreende em Cafundó. Durante toda sua vida sentiu-se na obrigação de permanecer no local para garantir a sobrevivência da cultura e também a batalha pela devolução das terras que originalmente pertenciam à comunidade. Marcos, Jovenil e Adauto são os três irmãos vivos da família Caetano, tataranetos de Joaquim Congo, angolano vendido como escravo no Brasil, pioneiro do quilombo.

A esperança de reaver as terras saqueadas fez com que os irmãos resistissem à tentação de ir para cidades maiores e assumir uma vida “comum”. Decisão dolorosa: hoje, perto dos 50 anos, não viram sequer um metro quadrado de terra devolvida e amargam o preconceito entre os fazendeiros da região.
Os irmãos não conseguem trabalho e são tratados com hostilidade após tantos anos lutando pela terras. No dia a dia, encaram a dura rotina da subsistência. O canto do galo acorda Jovenil que levanta para tratar o pedacinho de terra onde ainda é possível plantar. Apenas alguns pés de feijão, milho, banana e mandioca, para consumo próprio. Da fibra da bananeira produzem um modesto artesanato e do brejo perto do poço colhem a taboa, matéria prima de grossas esteiras. Produções que tentam gerar alguma renda às famílias.
Regina, companheira de Marcos, diz que manter a tradição só trouxe desgraça ao Cafundó. “Nós não queremos mais ser um quilombo”, enfatiza.
Esse amargor, contudo, se dissipa nos finais de semana, quando é fácil ver formar uma roda de samba atrás do casarão central do vilarejo, onde um sombreiro formado pelas árvores convida a um gostoso descanso. Pandeiros, tambores, gogó e cachaça são a lei na hora do lazer. E todo final de tarde o casarão central se agita com a aula de capoeira do grupo Quinamba.
Entre uma “tinguerinha” de cachaça e uma de caipirinha, a roda de samba se transforma em roda de truco. Mas a conversa se anima mesmo é quando Jovenil conta uma de suas histórias. A melhor é a de quando foi arranhado por uma urtiga. De súbito olhou para trás e avistou uma cobra. Ele conta que chegou a sentir os sintomas de uma picada. Perdeu a força, caiu no chão, chamando pelo irmão. Marcos ria, já percebendo o engano. Interpreta a história como um ator. “Fui picado por uma urtiga”. E a prosa atravessa a noite até que o sono chegue.
Mesmo com essa alegria inocente estampada no rosto, os quilombolas não deixam de temer o futuro. “Eles dizem que pra sermos entendidos temos que falar na língua deles. Mas eu não tenho outra palavra pra dizer que estamos sendo roubados”. Regina se refere aos organismos do governo que teriam a função de ajudar o Cafundó. Trata-se do Instituto Terras do Estado de São Paulo (Itesp), que é responsável pela ação de devolução das terras, e a Secretaria Especial de Política e Promoção da Igualdade Racial (Seppir), que trabalha há oito anos pelos quilombos. Oito anos em que, segundo os quilombolas, nada mudou.
Os quilombolas queixam-se que o assalto à sua propriedade e aos seus direitos passou das mãos dos posseiros para a de funcionários públicos, Ongs, e toda sorte de “bem intencionados” que ora encontram no Cafundó uma mina de ouro. Na longa lista de desfalques, estão casos de desvio de verba, material de construção e até cestas básica do Fome Zero. Regina conta que quando reclamaram a ausência desse auxílio garantido pelo governo, receberam cestas adulteradas e incompletas. E o feijão que veio “não cozinha nem com reza brava”.
Por isso, cada vez mais os moradores deixam o bairro para viver em cidades vizinhas. Com o olhar de agonia, Marcos diz que não pretende ter filhos porque ainda não pode garantir a eles sequer o direito à terra.
O Cafundó ainda mantém grande parte da forma original do dialeto das tribos a que descendem. Muitas de suas histórias são também histórias do um passado quase esquecido.Mas gradativamente este universo de informação vai se perdendo. Um patrimônio imaterial da cultura nacional que corre o risco de desaparecer pelo descaso. Um problema bem brasileiro, que nem o mais idealista dos pastores angolanos pode resolver sozinho.
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BOX
Exemplos do dialeto cupopiano Nani: não – em geral é muito usado para palavras negativas como pouco, sem, pequeno.Vavuro: sim – muito usado em palavras positivas, como muito, com, gande.Cumbe: solCumbe nani: luaCumbe vavuro do téqui: sol grande da noite (lua cheia)Ture Nani: pouca TerraObiquanga do avero: tijolo de leite (queijo)Obiquanga do vava: tijolo de água (sabonete)Obiquanga do pepa: tijolo de farinha (pão)Tenhora da mucanda: enxada da escrta (caneta)Cambererá do vava: carne d’agua (peixe)Nanga do viso: roupa dos olhos (óculos)Coçumbador do cupópia: fazedor de fala (língua)Nhamanhara: homemAnguto: mulherNhapecava: café

Queniano vence corrida em Salto de Pirapora

Notícia publicada na edição de 13/12/2010 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 8 do caderno A.


Queniano Kiprop Mutai venceu a prova com tempo de 27min25seg

O queniano Kiprop Mutai confirmou o favoritismo e venceu a 2ª Corrida do Minério, ocorrida na manhã de ontem, em Salto de Pirapora. A segunda colocação ficou com Anoé dos Santos Dias, seguido por Sivaldo Santos Viana (3º lugar) e Luiz Carlos Fernandes da Silva (4º lugar), todas da equipe AASP/Adherminer/PMS.

Em 27 minutos e 25 segundos, o atleta da equipe Kenya Luasa, Kiprop Mutai, percorreu os nove quilômetros do percurso, superando os 183 atletas brasileiros. Com apenas 24 anos, Mutai é um maratonista experiente, duas vezes campeão da meia maratona de Atenas, campeão da Corrida de Recife e da Corrida Bradesco. Ele superou Luiz Carlos Fernandes, campeão do ano passado.

Entre as mulheres, Joziane da Silva Cardoso, FME/Concordia, sexta colocada na Corrida Panamericana do Rio e na Volta Internacional da Pampulha, ficou com a medalha de ouro, com 33 minutos de prova. Subiram ao pódio ainda, Maria Lúcia Alves Vieira, Maria dos Remédios, Angelina das Graças e Hosana Lucena do Nascimento. A Corrida do Minério é uma prova anual realizada pela Adherminer Mineração, com o apoio da Associação de Atletismo Santi Pegoretti (AASP).


http://www.cruzeirodosul.inf.br/materia.phl?editoria=21&id=375242



http://www.sorocabaesportes.com/?p=3880

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