A comunidade quilombola de Salto de Pirapora foi o cenário escolhido para a estreia do espetáculo contemplado pelo Proac
A atriz Camila Andrade conta que a ideia de montar a peça surgiu durante o processo de pesquisa das raízes africanas - Por: Divulgação |
José Antônio Rosa
joseantonio.rosa@jcruzeiro.com.br
A comunidade quilombola do Cafundó, em Salto de Pirapora, na região de Sorocaba, foi o cenário escolhido para a estreia de "Quizumba", montagem do Coletivo homônimo formado por atores de Piracicaba, São Paulo e Santo André, que será apresentada hoje, a partir das 16h. A entrada é gratuita e, antes, na parte da manhã, o grupo coordena oficina com o público. A atividade é, também, franqueada aos interessados. A produção de "Quizumba" foi contemplada em edital do Programa de Ação Cultural (Proac), da Secretaria de Estado da Cultura. Coordenadora do projeto, a atriz Camila Andrade explica que o texto se propõe a discutir a questão da negritude a partir da livre adaptação da história de Zumbi dos Palmares. Representantes de quilombos mantidos em São Paulo, como de Ubatuba, cidade do litoral norte, marcam presença.
O espetáculo é voltado, num primeiro momento, ao público infanto-juvenil, mas interessa, também, às pessoas de outras faixas etárias. Camila conta que a ideia de montar a peça surgiu durante o processo de pesquisa das raízes africanas, particularmente da capoeira e dos contos produzidos em Angola. Paralelamente, foram trabalhadas as biografias do líder maior da luta pela liberdade dos negros brasileiros e de Mestre Pastinha. "Quizumba" narra a história de Pastinha, menino baiano do começo do século XX, que sofre perseguição de outro rapaz. Para superar as diferenças, conta com a ajuda do Griot Benedito (como são chamados os contadores de história do continente africano), que o ensina a prática de defesa conhecido como capoeira.
Ao mesmo tempo, Pastinha ouve do mestre a saga de Zumbi, desde o seu sequestro, quando criança, do Quilombo dos Palmares, passando pela adoção por um padre e o retorno ao local de onde saiu para comandar a militância em favor da libertação.
A montagem também será apresentada em escolas, até como forma de reforçar o cumprimento da lei que obriga ao ensino da história da cultura negra. Camila acrescenta que a peça consiste num jogo onde quatro atores e um músico se revezam no trabalho de interpretação.
Já a pesquisa visual do espetáculo tem como fonte inspiradora a obra de Hector Julio Paride Bernabó, o Carybé. A escolha recaiu sobre a obra porque pouquíssimos artistas souberam, como ele, entender as verdadeiras dimensões da herança africana. A encenação ocorre em um corredor retangular, com plateia nos dois lados, uma de frente para a outra. No cenário concebido por Nina Vieira, impera um Baobá, transfigurado para se tornar a morada de Mestre Benedito. Também essa concepção, conforme Camila Andrade, é fruto da pesquisa que o coletivo desenvolveu. Toda a ação é inspirada no andamento de uma roda de capoeira, num misto de jogo, canto, dança e teatro.
Além de Camila, atuam no elenco de "Quizumba", Jefferson Matias, Jordana Dolores, Thais Dias, Valéria Rocha, Bel Borges, Jonathan Silva, Nina Vieira, Renata Cirilo e Tadeu Renato. A Comunidade Quilombola Cafundó fica na Estrada da Barra, em Salto de Pirapora. O acesso se dá pela Rodovia João Leme dos Santos (SP 264). Na entrada da cidade, deve-se seguir pela rodovia Salto-Pilar até o Km 6. Neste, entrar à direita na estrada que vai à Barra. O local fica a seis quilômetros de distância dali. Quem quiser ir de ônibus, deve tomar, na rodoviária de Salto de Pirapora, a linha "Bairro da Barra" (Empresa Serra Azul), ou linha "Cocais" (Empresa Breda). Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (15) 3292-6008
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