Foto: Luiz Setti - JCS |
O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) solicitará o reforço na sinalização da rodovia João Leme dos Santos (SP-264) às empresas Compec Galasso Engenharia e Construções Ltda e Sobrenco Engenharia e Comércio. Ambas são as responsáveis pelas obras de duplicação da ligação entre Sorocaba e Salto de Pirapora.
A falta de segurança assusta quem trafega pelo local. Falhas na pintura de solo, ausência de uma sinalização mais eficiente e grandes desníveis entre o asfalto e o acostamento têm deixado os motoristas mais cautelosos na hora de acessar a rodovia.
Segundo o DER, a sinalização existente na rodovia é provisória durante o período de obras. No entanto, será solicitada uma melhoria nas condições de segurança dos motoristas e usuários.
Pelos 17,5 quilômetros da João Leme dos Santos é possível encontrar duas concentrações de máquinas e trabalhadores. A primeira fica ao lado da rotatória de acesso à rodovia Raimundo Antunes Soares (SP-79) e a segunda está localizada logo na entrada de Salto de Pirapora. Em ambos os pontos são vistas várias vigas de concreto, provavelmente destinadas para a construção de pontes.
A reportagem do Cruzeiro do Sul percorreu a SP-264, anteontem, entre às 9h e às 11h, e observou 26 trabalhadores distribuídos pelo lote 2 da rodovia - entre os quilômetros 109,60 e 119,50, em Salto de Pirapora, sob responsabilidade da Compec Galasso Engenharia e Construções Ltda. O grupo estava distribuído em três partes: na entrada da cidade, cerca de dois mil metros para frente e na região da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar).
No lote 1, sob o comando da Sobrenco Engenharia e Comércio, a aglomeração de operários estava restrita ao acesso à rodovia SP-79. Foi possível observar um movimento de máquinas e de funcionários pelo local e várias vigas prontas distribuídas pelo chão. Quem passa pela região também vê tubulações de concreto expostas e uma galeria pluvial praticamente pronta, situada abaixo do canteiro de obras.
O pontapé inicial da duplicação da SP-264 ocorreu em 3 de dezembro de 2013. Na ocasião, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) - na condição de candidato à reeleição - subiu em uma retroescavadeira e disse que a obra ficaria pronta no prazo de 15 meses. Dessa forma, tudo deveria ser entregue no próximo mês.
Naquela mesma cerimônia, o Departamento de Estrada de Rodagem (DER) admitiu que o processo de desapropriação de 51 imóveis poderia demorar mais do
que o programado. Dito e feito: passado um ano, esse imbróglio continua e tem atrapalhado a sequência da duplicação.
As duas empresas contratadas foram procuradas para comentar o andamento dos trabalhos e uma possível diminuição no número de funcionários no processo de duplicação. A Sobrenco Engenharia e Comércio, por meio de nota, limitou-se a responder que "todas as informações sobre a devida obra você consegue junto ao Departamento de Estradas de Rodagem".
O engenheiro civil Davi Blas Pansiera, da Compec Galasso Engenharia e Construções Ltda, também preferiu não se pronunciar. "Enquanto empresa contratada, não nos é permitido divulgar quaisquer informações sobre este contrato e seu andamento. Portanto, somos orientados que, para sanar qualquer dúvida, que procurem a assessoria de impresa do DER."
O DER disse manter constante monitoramento e fiscalização das obras realizadas nas rodovias sob sua administração. A previsão de conclusão da SP-264 está mantida para junho (lote 2) e dezembro (lote 1) de 2015.
Reclamações
Os usuários da SP-264 reclamam da falta de segurança e da lentidão nas obras de duplicação. Moradores da região e motoristas colecionam histórias de acidentes e imprudência na principal ligação entre Sorocaba e Salto de Pirapora.
Quem lamenta essa demora na conclusão da obra é o comerciante Luiz Carlos Bérgamo Júnior, 44 anos, proprietário de um centro automotivo situado na entrada de Salto de Pirapora. Da fachada do estabelecimento comercial é possível enxergar uma boa parte do fim da SP-264, já praticamente duplicada.
Bérgamo acessa a rodovia quase todos os dias rumo a Sorocaba. As viagens servem para abastecer a loja e passear na cidade vizinha. O trecho está tão perigoso que, por precaução, os 17,5 quilômetros têm sido feito preferencialmente durante o dia. "A sinalização é muito ruim e à noite a situação piora", conta.
O comerciante também ressaltou a lentidão das obras. "É visível um número menor de pessoas trabalhando na rodovia", diz.
O caminhoneiro Adilson Ricardo de Lima, 36, também utiliza a rodovia com frequência. Ele é dono de um caminhão, transporta pisos entre Piracicaba e Pilar do Sul e obrigatoriamente precisa trafegar três vezes por semana pela SP-264. "A pista é má sinalizada e, quem não está acostumado, pode se perder facilmente", relata.
Lima disse ter cansado de presenciar acidentes no trecho entre Sorocaba e Salto de Pirapora. "E eles ocorrem não só pela má condição da rodovia, mas também por imprudência dos motoristas."
O motorista Sinésio Bahia, 42, percorre duas vezes por mês a SP-264. Assim como Lima, faz o percurso entre Piracicaba e Pilar do Sul para entregar vergalhões de aço. "De todo o meu caminho, certamente esta rodovia é o pior trecho", afirma. Na opinião dele, é preciso reforçar a sinalização. "Senão os acidentes vão continuar."
A mesma preocupação é relatada pelo comerciante Paulo César Farrapo, 55, dono de um posto de combustíveis na entrada de Salto de Pirapora. Há três semanas ele presenciou um acidente perto da Ufscar onde um veículo seguiu pela faixa antiga e colidiu na lateral de outro. "Quem não conhece essa estrada se perde mesmo", lamenta.
A SP-264 também faz parte do cotidiano do borracheiro Renato de Brito Andrade, 37, que trabalha em uma borracharia no início da rodovia e mora em Salto de Pirapora. Ele pega a estrada às 5h e às 22h, para ir e voltar do serviço, e já passou apuros ao volante. "Esses dias eu fui embora com chuva, a 20 quilômetros por hora e com o pisca-alerta do carro ligado. Não tinha onde parar, porque não tem acostamento, e eu só vi que estava na frente de uma carreta porque ela começou a dar luz alta."
Cuidado e atenção são indispensáveis ao caminhoneiro Vanderlei Gonçalves de Almeida, 57, outro usuário da SP-264. "Tenho dirigido mais devagar para dar mais tempo de frear e não bater em ninguém", diz. Já o frentista Rafael Aparecido da Silva Romão Campolim, 23, trabalha em um posto de combustíveis à margem da rodovia e cansou de presenciar acidentes. "São uns três por semana. Quando eu não escuto e barulho da freagem, ouço o som da sirene do carro de socorro do Corpo de Bombeiros", conta.
No Jardim Tatiana, o vendedor Jean Marcelo, 42, observa há oito anos o movimento no trecho inicial da SP-264. "Pouca coisa mudou, só tiraram uma parte do barranco e terraplanaram o outro lado", conta.
O comércio em que Marcelo trabalha fica perto do acesso do bairro à rodovia. Mas, para sair de lá, ele faz outro caminho: dá a volta pela fábrica da Coca-Cola para chegar à rodovia Raposo Tavares (SP-270). "Senão eu corro o risco de ficar preso no trânsito e ainda levar uma batida na lateral."
Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul
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